quinta-feira, 13 de março de 2008

Trecho 2

“Não precisamos de suas mil páginas escreva algo de útil” – e o enfiaram na torre. Na penumbra detrás da mesa, na mão uma caneta. Ocorreu-lhe finalmente uma palavra que escreveu com mão trêmula e novamente era tão bela como uma lágrima que escorreu e borrou o papel. Ele pensou essa palavra poderia ter sido um nome meu. Um nome como Distância, um nome como Imenso. Mas agora era um borrão irreconhecível. Ele olhava pela janela o horizonte, muito depois da multidão que se pisoteava em torno da torre. Enforcariam-no? Olhou a bela palavra borrada e a porta se abriu pesada. No meio da luminosidade um homenzinho careca de terno preto e bigode o chamava. Ele se levantou e caminhou até a porta. O homem apontou a folha e indicou que a levasse. Ele voltou pra buscá-la; olhou de relance e a palavra pareceu-lhe então apenas um borrão detestável. Quis amassá-la e caminhou até o homenzinho que pegou o papel da sua mão e sem olhar foi descendo as escadas. Os ruídos crescentes da multidão. Se aproximavam do chão e agora era abrir a porta e enfrentar. Seriam eles os meus julgadores? Ele queria ainda levar o texto ao juiz que dizem sentar no alto da torre. Detrás de uma mesa, dizem. Preciso chegar ao juiz ele disse, mas a porta se abria o pequeno não o ouvira por causa dos gritos e ele viu os olhos da multidão saltando pra fora dos rostos pra observá-lo. O homenzinho abria espaço no meio dos olhares a pauladas. A multidão gritava o juiz. Ele o seguia e avistava agora o cadafalso onde certamente deveria subir e ler o que havia escrito para que fosse decidido o seu destino definitivamente. Ele pensou seguindo o homenzinho como se lê um borrão como aquele. Quando chegarmos subirei rapidamente para olhar o horizonte. O que querem de mim. Preciso de espaço. Quem é esse sujeito. Ele anda rápido demais. Já não avisto sua careca. Onde está a torre onde está o juiz. Como ler um borrão. Quando chegarmos subirei pra ver o horizonte. Estamos na direção errada quanta gente. Estou. Acho que; por que estão com os olhos enfiados em mim. Onde está o cadafalso onde está. O meu nome. Agora acho que estou na multidão que grita um nome como; lá está o cadafalso lá a torre que vai longe onde está lá em cima detrás da mesa dizem - onde estou em mim.

Um comentário:

Anônimo disse...

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