terça-feira, 30 de outubro de 2007

Tudo o que eu tenho a dizer talvez seja isso.

Cair.


A queda não era assim tão dolorida

Como se poderia

Imaginar.

Levantar-se ou ali ficar

Equilibrando-se.


A queda não era confortável

Porém não definitiva.

Pôde seguir

Ainda que meio manco.


(Mais e menos manco do que podia perceber-se)


Ele caiu calmamente.

Caiu.

Levantou-se moroso

E seguiu a equilibrar-se.


Ele não precisaria ir novamente

Ao chão.

Poderia carregar-se a si mesmo

Equilibrado entre queda total

E máxima ascensão.


E poderia dar saltinhos

Depois saltos

Até piruetas.


Desde que não

Em chão assim,

Tão confortável,

Tão sem fim.


Chão de não ter queda:

Queda nenhuma ou

Queda total.


Desde que contendo-se

Pra no meio da pirueta,

Suspenso no ar,

Não ceder ao medo:

De salto mortal

Ou queda derradeira.


(Teria de seguir pensando)


Cair,

Equilibrar-se:

É tudo.

3 comentários:

Anônimo disse...

seguir, equilibrar-se em movimento...dançar?

Unknown disse...

"O importante não é a queda, mas sim a aterrisagem"

Anônimo disse...

por que não a narrativa em primeira pessoa? O narrador se confunde com o equilibrista.
Touchant.